domingo, 10 de junho de 2012

Refúgio na era do juro baixo

Títulos públicos comprados via internet são opção do mercado 
de renda fixa em tempos de taxas em queda 
(Minha entrevista para ZH 10/06/2012)
Para diversificar suas aplicações, Bernardo Stern decidiu investir em papéis do governo
Estimulados pela expectativa de novos cortes da taxa básica da economia, que caiu ao menor nível da história no final de maio – ao ser fixada em 8,5% ao ano –, os títulos do governo negociados por meio do Tesouro Direto vêm atraindo cada vez mais aplicadores. Cerca de 300 mil pessoas físicas investem na modalidade no país, sendo 25% dos depósitos de valores abaixo de R$ 1 mil por mês e apenas 20% em quantias acima de R$ 5 mil. É disparado a aplicação de renda fixa com melhor resultado no momento, obtendo quase o dobro do ganho da caderneta de poupança – afirma Bernardo Rossi Stern. Modelo fotográfico e estudante de Educação Física, Stern optou pela compra de títulos públicos como estratégia de diversificação de investimentos, nos quais aplica metade dos recursos disponíveis, mantendo a outra parte em ações. Para Stern, a boa rentabilidade, o risco praticamente nulo e o baixo custo operacional tornam essa alternativa imbatível em termos de retorno. Stern reitera, porém, a importância de orientação personalizada da corretora. Somente deve operar por conta própria quem tiver conhecimento, alerta. – Prefiro os papéis com ganho prefixado (definido no momento do depósito), porque garanto uma taxa maior em caso de novas reduções do juro básico – afirma Stern, 24 anos, que foi incentivado a poupar pelo pai economista. A queda constante da taxa básica (Selic), avalia Ede Antônio Gasperin, diretor da Geral Investimentos, tende a tirar investidores da zona de conforto, especialmente os interessados em obter ganho real, pois a inflação deve continuar alta devido aos estímulos ao consumo e ao crédito. Quanto mais os juros caírem, diz o  especialista, maior ganho os títulos prefixados asseguram até o vencimento. O aplicador só deve se preocupar, resgatando a operação, quando houver inversão na trajetória de redução do juro, o que Gasperin avalia pouco provável no curto prazo. 
Com baixo custo e razoável rendimento, opção é segura
Os papéis pós-fixados, diz Gasperin, são mais promissores enquanto a inflação seguir elevada, pois tendem, no resultado final, a superar a taxa Selic. Isso porque, além da inflação, com base no Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), esses títulos têm um percentual fixo, hoje entre 4% e 4,5% ao ano. Essa alternativa é uma aposta, esclarece Gasperin, porque apresenta algum risco. – Somente fundos DI com taxa de administração menor do que a cobrada na operação podem bater em rentabilidade os títulos do Tesouro Direto – afirma Eduardo Glitz, diretor de varejo da XP Investimentos. Os investidores precisam, portanto, pesquisar taxas de administração e de custódia das duas modalidades para escolher a mais rentável. Além
do baixo custo e do bom rendimento, reforça Glitz, os títulos são garantidos pelo governo. Ou seja, não há perigo em caso de quebra da instituição. Os contratos com vencimento acima de dois anos são mais  promissores, porque têm a menor alíquota (15%) do Imposto de Renda. Num cenário de juros cada vez menores, o tamanho do ganho pode ser decidido em pequenos detalhes. Retirado da Zero Hora 10/06/2012 - Por Marçal Alves Leite.
Roteiro do investimento
O que é:
O Tesouro Direto é um sistema de venda de títulos públicos a pessoas físicas desenvolvido pelo Tesouro
Nacional em parceria com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), no qual o investidor precisa se cadastrar em uma corretora credenciada e, se tiver conhecimento suficiente, comprar e vender pela internet.
Quanto aplicar:
Cada investidor pessoa física pode aplicar de R$ 30 a R$ 1 milhão por mês – até maio, esses limites eram,
respectivamente, de R$ 100 e de R$ 400 mil. O ideal é fazer compras programadas mensais de um valor fixo dentro do orçamento. Os contratos são de médio e longo prazos, mas o investidor pode vendê-los antes do vencimento, sempre às quartas-feiras, pelo valor do mercado. Nesse caso, a rentabilidade será proporcional ao período em que o investidor manteve os títulos. Aplicações acima de dois anos (721 dias) têm a menor alíquota (15%) de Imposto de Renda, que chega a 22,5% em operação com menos de seis meses.
O rendimento:
O ganho dos títulos públicos é bastante próximo do nível do juro básico da economia, a Selic, atualmente em 8,5% ao ano e base na definição da remuneração das demais modalidades de renda fixa, como CDBs, fundos e nova poupança. Mas somente os fundos DI (depósito interbancário) pagam essa taxa integral. Não há risco de perder o capital por problemas de falência das instituições, pois há garantia do governo, que é o mais seguro patamar de um país em caso de crises.
Tipos de papéis:
Existem dois tipos: títulos pré e pós-fixados. No caso dos prefixados, os juros são definidos no momento da
compra. São as Letras do Tesouro Nacional (LTN) e as Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F). Para receber o juro integral estabelecido, o investidor deve manter a aplicação até seu vencimento. Se vender antes, ganha renda proporcional. Os pós-fixados são vinculados a um indexador, que pode ser a taxa Selic (Letras Financeiras do Tesouro Nacional, as LFT) ou a inflação (Notas do Tesouro Nacional, NTN-B). No segundo caso, é usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nesse último, além da variação da inflação, o aplicador tem um percentual fixo, atualmente em torno de 4% a 4,5% ano, que constitui o ganho real (acima da inflação).
Custos da operação:
A taxa de custódia é anual e cobrada pela corretora, variando de zero a 1% do valor da aplicação. A de negociação é cobrada pela bolsa, de 0,10% na primeira compra, recuando para 0,05% a partir da terceira em caso de compras programadas. Se optar pelo reinvestimento automático no vencimento, a taxa não é cobrada. O IR consome de 22,5% a 15% do ganho, conforme o prazo. Mais informações no Tesouro Direto.

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